' Falta tanta coisa na minha janela como uma praia, falta tanta coisa na memória como o rosto dele*, falta tanto tempo no relógio quanto uma semana, sobra tanta falta de paciência que me desespero. Sobram tantas meias-verdades que guardo pra mim mesma*, sobram tantos medos que nem me protejo mais, sobra tanto espaço dentro do abraço, falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo..

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Você finge pra quem?

Hoje uma mulher enviou esta mensagem: 

“Você não existe. 
Pare de querer me convencer, que existe homem com sensibilidade, que pode amar ou, querer bem. 
Que tal intercalar com poemas e textos retirados daqueles papos com os amigos, em que a bunda de fulana é bonita. 
Talvez não te desse tantas curtidas femininas, mas seria mais honesto. 
E eu não sou uma desiludida, não completamente, só realista. 
Convenhamos.” 

Como escritor, eu poderia escrever pra te convencer. 
Mas eu não sou escritor. 
Eu sou apenas um cara, que vai te contar uma pequena história. 
Sem frases bonitas, apenas sinceras. 

Bem, eu tinha treze anos e ainda era muito inseguro. 
Na escola, muitos me chamavam de feio, tímido e quatro olho. 
Eu voltava pra casa, deitava no colo da minha mãe e perguntava: 
“Mãe será que algum dia, alguma garota vai se apaixonar por mim?” 
CONFIANÇA, meu filho – ela respondia sorrindo. 

É um bom conselho. 
Mas não muito prático, para um menino de treze anos, com o coração quebrado.

Até que um dia, uma garota que sorria se inclinou e me beijou. 
Ela mostrou, que era possível me amar como eu sou. 
Cheio de defeitos mas com um coração inteiro. 

E ao longo dos anos, continuei sendo eu mesmo. 
Eu gosto de coca gelada, fazer cosquinha e, ficar em casa. 
Algumas mulheres, acham isso sem graça. 
Outras gostam do cara bonito, que faz merda, acorda e diz: “Sinto muito.” 
No outro dia, enche a cara, desmaia e, faz tudo de novo. 

Eu escrevo sobre amor. 
Mas algumas pessoas, não dão muito valor. 
Recebo mensagens dizendo: “Isso é coisa de viado.” 
Esse mesmo “homem”, que acha tudo isso coisa de viado, é o mesmo que desvaloriza e, trata mulher como objeto. 
Como se uma mulher, só existisse para satisfazê-lo. 
Mas eu não gosto de homem. 
Quem escolhe esse tipo de cara, não sou eu. É você. 
O meu pai sempre disse: “Meu filho, a vida está nas mãos de quem sabe escolher.” 

Eu tinha amigos, que sentavam no bar e enchiam a cara. 
Só falavam de carro, dinheiro, futebol e mulher pelada. 
São os mesmos, que nunca me ligaram para perguntar: “E seu pai, como está?” 
Eles continuam no meu whatsapp, enviando vídeos de mulher pelada. 
Mas na minha vida, perderam o lugar. 

Hoje eu tenho amigos, que sentam no bar e pedem uma coca gelada. 
Só falam de vídeo game, seriados e da vida de casado. 
Quando meu pai ficou doente, eles não me ligaram. 
Eles vieram até a minha casa. 
Abraçaram a minha mãe, seguraram a mão do meu pai e de coração, fizeram uma oração. 

Essa é a minha pequena história. 
Na forma mais pura e sincera, esse sou eu. 
Feio, tímido e quatro olho. 

Amigo, você pode me chamar de louco. Eu sei, tudo bem. 
Nesse mundo, meu velho, quem fala com a razão, acha maluco quem escuta o coração. 
Posso aceitar isso. 
E você? 

Se eu pudesse te dar um único conselho seria: 
Seja sincero. Não vale a pena fingir. 
Um dia, toda mentira chega ao fim. 

Como escritor, eu poderia terminar assim. 
Mas, não sou escritor. 

Eu sou apenas um cara, que escreveu na parede do quarto: 
Quando o querer é sincero, o amor se torna completo.

(A pergunta que nunca cala: 
"se existem mais versões de você, onde encontrá-las?)


- Ique Carvalho.

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